"Um dragão longe de casa"
Postado por SKJ.
Kiev e Alvalade. Locais tão distantes mas, no entanto, tão próximos no destino de um Dragão em crise existencial. Dois jogos para serem jogados na 'berma do precipício'. A Liga dos Campeões e a Taça, com a moldura das derrotas do campeonato pairando como uma 'nuvem escura'.

O olhar ansioso de Jesualdo espelha o muro no qual bateu o jogo do seu FC Porto. Por isso, não acredito em discursos psicológicos no futebol. Acredito em discursos tácticos. Não para fazer os jogadores melhor do que, por natureza, eles são. Mas para os fazer 'jogar' melhor. Parece a mesma coisa, mas não é. Encaixá-los nos locais e com as dinâmicas que lhes permitam fazer mais vezes o que fazem bem e menos vezes o que fazem mal.

Tudo isto se torna mais urgente, quanto mais debilidades individuais (e consequentemente colectivas) uma equipa revele. É o vaso do actual FC Porto de Jesualdo. O jogo de Kiev, longe da 'pressão interna', num terreno inóspito, frente a um adversário mais "sincero" do que os pequenos 'matreiros' nacionais, pode ser, em teoria, o local ideal para fugir ao ta precipício.

Mas, suponhamos que o onze não escapa dele. Jesualdo fica então num limbo e nenhum treinador é 'intocável' face ao argumento dos resultados. O único que, no futebol, verdadeiramente conta e gera consensos. O problema do FC Porto não é, no entanto, um problema de treinador. Ou treinadores, como se tem falado nos últimos dias, pensando até no adjunto que partiu.

É um problema de jogadores. Por isso, nada resolveria procurando novas soluções para o seu 'banco'. É nele, porém, que Jesualdo tem de encontrar soluções. Perceber que este já não é o onze que treinou nas ultimas duas épocas. E, por isso, não pode jogar, da mesma forma. Por isso, tem de procurar uma forma diferente de jogar.

Fixar dois laterais durante três-quatro jogos seguidos é o primeiro passo (Sapunaru a fechar mais e Lino a subir, parece-me a melhor solução). Fazer entrar Pelé na equipa. Mais do que montar um 4x4x2 fixo dar quatro médios à equipa e esquecer o 4x3x3 porque, pura e simplesmente, não tem extremos. Depois "proteger" Lucho. Deixá-lo o mais perto possível da área adversária para soltar a sua capacidade de passe. Não existe mais ninguém que o saiba fazer neste FC Porto. Vejam o seu passe na Naval para o maior falhanço de Lisandro na primeira parte e percebem do que estou a falar.

São apenas algumas 'pistas' tácticas para fugir ao precipício. Porque a equipa está mesmo a um passo dele. Tal como o treinador, claro. A fuga terá de ter um plano de jogo inteligente e, sobretudo, realista. Esquecer o "discreto charme da burguesia" portuense e em vez de jogar como que moie um sentimento, não ter medo de trocar os "vs" pelos "bs" e resgatar o ADN do Dragão. Kiev é um bom sítio para o fazer. Há mesmo um velho vídeo, de 1987, já com 21 anos, que explica bem como isso se faz...

por Luís Freitas Lobo, in Público

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