Ontem dei por mim a pensar na verdadeira Odisseia que era um testes quando eu andava na escola, principalmente, nos tempos do secundário.
Por mais que os professores estivessem atentos, por mais longe que nos colocassem uns dos outros, nós arranjávamos sempre maneira de trocar informações durante o teste.
Sempre fui um bom aluno, não era dos razoáveis, nem dos excelentes, estava ali no meio, por isso, sempre estudei bastante para os testes, mas havia alturas em que o meu cérebro apagava por completo e uns segundos de conversa chegavam para que ele voltasse a funcionar e trouxesse as respostas certas.
Nunca deixei de ajudar quem precisava e muitos outros faziam o mesmo, numa conversa quase muda, no parente silêncio que os professores "ouviam".
Aliás aquilo só servia para desenvolvermos capacidades: leitura de lábios, língua gestual e mais uma panóplia de coisas que serviam para se comunicar de uma ponta para a outra da sala.
Lembro-me, sobretudo, dos testes de português. Hoje estou certo que a professora sabia o que se lá passava, mas a verdade é que nunca nos chamou à atenção e por mais que houvesse quem não gostasse dela, no fundo ela só queria que o pessoal passasse, fosse como fosse.
Mas perguntam vocês: o que de tão especial se passava nesses testes? Muito simples: estes eram os testes que mais escolha múltipla, verdadeiras e falsas, preenchimentos de espaços e correspondências tinha. Muito à imagem do que costumam ser os exames. Então os melhores alunos, depois de receberem os testes, conferenciavam cerca de dez minutos até encontrarem a formula certa. V, F, F, V, F, V ou a, b, d, c, a, a ou outra coisa do género. Depois do consenso a mensagem passava por toda a turma que, rapidamente, passava as respostas e... pronto. Um terço do testes estava feito. Não, necessariamente, completamente certo, mas sempre com uma exactidão superior a oitenta porcento.
Eram sem dúvida grandes tempos, em que tudo era mais fácil, mesmo sendo difícil. Não sei porque é que me lembrei disto, mas a verdade é que muitas vezes me lembro de coisas como esta. Brincadeiras que fizemos, partidas que pregamos, almoços, lanches de turma e mais um sem número de coisas difícil de esquecer e que vão sempre deixar saudade...