(Contra)Reacção XLIII: Tour 2011
Postado por SKJ.
Sou, como já devem ter percebido, grande fã de ciclismo e foi com enorme agrado que fui acompanhando o Tour deste ano, nem sempre em directo, é certo, mas se não soubermos o que lá se passou é como ver em directo.
Confesso que não tenho nada contra o Contador, ao contrário de muito boa gente, e até acho que ele é o melhor do mundo, mas este ano, tal como o ano passado, estava a torcer pelo Cadel Evans e finalmente ele ganhou. Soube ser inteligente, não cometeu erros, teve coragem para pôr o “peito ao vento” quando foi preciso, teve uma boa equipa à sua volta e teve a sorte de não ter tido o azar (passo a redundância) de anos anteriores.
Outro destaque vai para Mark Cavendish, o meu ciclista favorito, que finalmente ganhou a camisola verde, depois de cinco vitórias em etapas, e de continuar a provar que é o melhor dos sprints na actualidade.
Voeckler, Rolland e a Europcar também têm de ser destacados, depois de vários dias de amarelo e do Top5 do primeiro, da camisola branca do segundo e do espectáculo que deram.
Os irmãos Schleck também poderiam ter vencido, mas ficaram em segundo e terceiro, o contra-relógio continua a deixá-los mal, mas ainda há tempo para melhorar e mais ano, menos ano o Andy vai acabar por ganhar o Tour, tenho quase a certeza absoluta disso.
A RadioShack (a equipa mais portuguesa do ProTour) desiludiu, mas também não teve sorte. Tinha quatro “lideres” e os quatro tiveram problemas com as quedas, tendo três deles ido para casa mais cedo. Sérgio Paulinho fez o seu trabalho, mas não teve a oportunidade de se meter numa fuga e tentar vencer uma etapa.
Já Rui Costa foi quem mais animou as etapas, teve duas ou três vezes em fuga, numa seguiu de perto Contador e Andy Schleck, noutra venceu mesmo a etapa quando já parecia impossível pois o pelotão estava mesmo ali. Mais um grande sucesso para o ciclismo português depois da vitória do Sérgio Paulinho no ano passado.
Tony Martin voltou a mostrar que o contra-relógio é a sua praia e que mais ano menos ano terá que destronar Fabian Cancellara como melhor do mundo e campeão Mundial.
Por falar em campeão Mundial, quem diria que o actual campeão de estrada, Thor Hushovd iria ganhar duas etapas de montanha, em fuga, é certo, mas foi um Tour enorme para ele (também andou alguns dias de amarelo) e para a Noruega, que além das duas vitórias do campeão do Mundo, teve mais duas do Bossan Hagan.
Philippe Gilbert também esteve em destaque e companheiro de equipa Greipel também, ao ter batido, pela primeira vez, Cavendish (ex-colega de equipa), que estava nesse dia sem equipa por perto, é certo, mas foi uma boa vitória para o alemão e parece que os dois já fizeram as pazes.
A única coisa que me preocupa nesta altura é a possibilidade de a HTC acabar. Não por causa dos ciclistas da equipa, pois candidatos para os contratar não irão faltar (Cavendish, por exemplo, parece que vai mesmo para a Sky, continue ou não a HTC e com ele deve levar alguns dos seus fieis lançadores), o que preocupa é que esta é a única equipa que trabalha na frente do pelotão, as outras ficam a ver e depois aproveitam o “comboio” da HTC para os seus sprinters tentarem levar a vitória para casa. Se a equipa acaba e as outras continuarem sem trabalhar (o que não me parece que possa acontecer), as fugas vão chegar em todas as etapas planas e poucas chegadas ao sprint vão haver, por isso, mesmo.
Quanto a Alberto Contador, não foi o seu Tour, vinha cansado do Giro e as circunstâncias da corrida não ajudaram. Os adversários também estiveram fortes e foram, de facto, melhores. A SaxoBank precisa de mais gente para trabalhar e para o ajudar no Tour. Fala-se de Tony Martin (lá está, da HTC), a ver vamos se se confirma.
No geral penso que foi um bom Tour, não tivemos um Armstrong a vencer tudo e todos e ganhar cinco ou seis minutos nas montanhas mais duras (mas na altura em que isto acontecia as pessoas também se queixavam disso), mas tivemos um Tour equilibrado, com excelentes etapas e com uma vitória, mais do que merecida, por parte Cadel Evans, que com a vitória proporcionou um dia de feriado na Austrália, o seu país natal.

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